domingo, 15 de agosto de 2010

Can data be real? (Dilbert) [Dados podem ser de verdade?]

[Post com versão em PT, mais abaixo]

Scott Adams captures the essence of corporate pickpocketing

I have long been a fan of Dilbert, whose cartoons are always at the bottom of this blog. They are always good, sometimes great, but this Wednesday, August 11th, 2010, I think Scott Adams have captured the essence of corporate pickpocketing - that kind of small robbery in large scale that (it seems like) all big businesses do these days. Banks send credit cards and charge "account insurance" you didn't ask for, telecoms invent charges and so on - all in a clear, calculated strategy of robbing millions and losing a little money to only a few who sue them competently.

Well, enough of this boring reality that everyone knows... More than the essence of corporate pickpocketing, the cartoon captures the essence of our (big business) times. See the cartoon:


Scott Adams captura a essência do estelionato pequeno em larga escala pelas grandes empresas

Sou fã do Dilbert há décadas. Os cartuns diários do Scott Adams estão sempre no rodapé deste blog. São sempre bons, às vezes excelentes, mas nesta quarta, 11/8/2010, acho que Adams capturou com a maior concisão possível o espírito atual de tantas grandes empresas - de roubar pouco de muitos, numa estratégia fria e calculista que considera que vão perder algumas poucas ações na justiça mas o roubo vale a pena - coisas como: bancos que cobram "seguro de conta corrente" e mandam cartões de créditos não solicitados (cobrando anuidade), teleestelionatocoms que inventam despesas inexistentes...

Mas chega de papo chato - todo mundo tem sua experiência com essas empresas. Mais que a essência do pequeno estelionato em larga escala, é a essência dos tempos atuais (pelo menos em termos de grandes empresas que atendem a muitos consumidores). Eis o cartum:

#1 [Dilbert]: Nós criamos um novo teste de desempenho [para nosso produto], mas descobrimos que esse teste é furado.

#2: Agora nosso produto é reprovado em nosso próprio teste e os clientes querem ver os resultados.

#3[Dilbert]: Tenho autorização para inventar dados [que façam nosso produto passar no teste]? [Chefe]: Eu nem sabia que dados podiam ser de verdade.

sábado, 7 de agosto de 2010

Sociedade do Conhecimento I

"Nós fomos educados para viver numa sociedade tipicamente industrial e nós já estamos vivendo ... numa sociedade do conhecimento". "Em 2006, ... a exportação de bens intangíveis nos Estados Unidos superou a exportação de bens tangíveis". "Eu não preciso de caminhão, eu não preciso de navio nem de avião para transportar um bem intangível". "O PAC* está preparando o Brasil para o Século XX!"

Essas quatro frases da parte inicial da palestra de Marcos Cavalcanti (Desafios contemporâneos – o trabalho) no programa Café Filosófico CPFL revelam um pouco da idéia geral, mas não a riqueza de detalhes nem a poesia e engenho com os quais o palestrante conduz a narrativa. Cavalcanti, matemático e doutor em Informática, foi diretor de Tecnologia da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e é coordenador do Crie (Centro de Referência em Inteligência Empresarial) e membro do Board do New Club of Paris, o "desenvolvedor da agenda da Sociedade do Conhecimento".

Não só é uma aula introdutória sobre o que é essa tal Sociedade do Conhecimento (por isso o título deste post), mas é uma aula sobre muita coisa. Para dar seu recado, o professor Cavalcanti fala de escola, do filme Pro Dia Nascer Feliz, do corpo-mole do Ministério Público com as nomeações secretas do Senado ... até de Daniel "No Supremo a gente resolve" Dantas - o que me leva à conclusão deste post. Reconheçamos algum progresso neste Brasil. Ainda que o Supremo pareça estar "na mão" de um empresário superpoderoso, o professor Cavalcanti não parece temer acordar boiando na Lagoa Rodrigo de Freitas. Não estamos na "Venezuela" (comillas, porque esa miseria no es Venezuela). E a CPFL, uma empresa brasileira, se dispõe a promover uma série de eventos** que lembram vagamente as TED Talks (também patrocinadas por empresas) e o "iluminismo do Século XXI" da RSA.

A palestra dura 76m40s, ou 2 h com a sessão de comentários, perguntas e respostas. Dois perguntadores (e não foram muitos perguntadores...) claramente não pescaram (o palestrante foi muito educado mas fica óbvio que responder a quem não entende é um saco), mas estamos no Brasil, que possui a maior e mais eficiente "escola" (no sentido de máquina de destruição de inteligências que treina e condiciona a não entender) da história da Humanidade, pela qual os perguntadores passaram. Veja o vídeo:

* Para os arqueólogos: PAC significa "Plano de Aceleração do Crescimento", nome que parece sugerir a existência de algo pensado e planejado para promover o progresso socioeconômico nacional. Batizou o coletivo de obras do segundo governo Lula (2007-2010).

** Claro, pode melhorar. Seria bom poder embutir (embed) o vídeo, que a busca funcionasse, que o URL não mudasse, que a duração do vídeo fosse declarada, que o vídeo fosse apresentado, contextualizado (aparentemente este vídeo faz parte de um "módulo" coordenado pela filósofa Viviane Mosé, mas isso é elucubração minha a partir de alguns fragmentos que vi e li). Mas essa é a parte mais fácil, que se resolve com tecnologia - basta copiar RSA, Ted Talks, YouTube. A parte mais difícil está feita - há um conjunto bacana de palestras de alto nível.