sábado, 21 de novembro de 2009

Arquitetura tecnológica e visão sistêmica em e-gov

Aproveito a apresentação recente sobre "Plataformas e-gov como sistemas sociotecnológicos" (slides no final) no EIeGOVID/CONeGOV (8o Encontro Ibero-Latino-Americano de Governo Eletrônico e Inclusão Digital, 5a Conferência Sul-Americana em Ciência e Tecnologia Aplicada ao Governo Eletrônico) para dar um panorama (com links) das publicações e comunicações sobre P&D em plataformas e-gov feitas como pesquisador do Instituto Stela nos últimos tempos. Esses registros evidenciam a visão sistêmica que embasa uma série de iniciativas e-gov: Plataforma Lattes, Portal Inovação, Portal SINAES etc.

A arquitetura tecnológica desses projetos e-gov parte de esquemas informacionais compartilhados e inclui instrumentos de coleta de informações com contraprestação de serviço ao cidadão, portais para divulgar e disseminar essa informação e ferramentas avançadas de engenharia do conhecimento. Visão sistêmica e arquitetura tecnológica contribuem para qualificar essas plataformas e-gov como sistemas sociotecnológicos - conceito emergente que denota sistemas que só funcionam por meio da colaboração dinâmica entre agentes humanos e artificiais. Eis o panorama:

  • Perspectivas para la construcción de indicadores en plataformas de gobierno electrónico en CT&I (2007, slides no SlideShare, Apresentação na mesa-redonda "Nuevas demandas de información para la toma de decisiones: Retos a los sistemas de información en ciencia, tecnología e innovación" no VII Congreso Iberoamericano de Indicadores de Ciencia y Tecnología (RICYT). São Paulo, 23-25/5/2007)
    Essa apresentação retoma o estado das coisas em dezembro de 2002, quando o I Workshop da Rede Scienti reuniu representantes de mais de 10 países ibero-latino-americanos em Florianópolis. A Colômbia mostrou o mini-CD com os sistemas de currículo e de grupos, cedidos pelo CNPq e já em operação. Várias agências nacionais firmaram acordo com o CNPq para intercâmbio de informações, no que seria o "Mercado Comum do Conhecimento". O representante peruano agradeceu ao CNPq pela generosidade, pela inovação mundial e pela visão aguda do futuro. [...]. Hoje a Rede é liderada pela Colômbia.

  • Aplicações de arquitetura conceitual em plataformas e-gov: da gestão da informação pública à construção da sociedade do conhecimento (2007, artigo na PontodeAcesso 1(1), 71-87, por Pacheco RCS, Kern VM e Steil AV)
    Discute a arquitetura tecnológica de plataformas e-gov alinhadas à sociedade do conhecimento, com base nos princípios de abrangência de usuários, construção colaborativa, perspectiva internacional, tecnologia multiplataforma e respeito aos atores e processos do domínio.

  • Gestão do conhecimento no setor público: o papel da engenharia do conhecimento e da arquitetura e-gov (2008, capítulo por Steil AV, Kern VM e Pacheco RCS do livro organizado por Angeloni MT: Gestão do conhecimento no Brasil: casos, experiências e práticas de empresas públicas)
    Aponta a apropriação da gestão do conhecimento pelas organizações públicas, posterior à compreensão da importância da gestão dos ativos de conhecimento pelas organizações privadas. Descreve a arquitetura e-gov concebida pelo Instituto Stela com o detalhamento de 2 casos: o DCVISA da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e o Portal SIBEA do Ministério do Meio Ambiente.

  • Gestão de ativos de informação e conhecimento pelo Estado: O papel das plataformas e-gov (2008, artigo nos anais do Congresso ABIPTI por Pacheco RCS, Steil AV e Kern VM).
    Ressalta o sucesso de plataformas e-gov entre iniciativas brasileiras em governança pública na emergência da sociedade do conhecimento. Apresenta a arquitetura e-gov empregada pelo Instituto Stela com o detalhamento dos casos Portal Inovação e Portal SINAES.
  • Plataformas e-gov como sistemas sociotecnológicos (2009, apresentação no EIeGOVID/CONeGOV, em Florianópolis, 17-19/11/2009)
    Introduz o conceito de sistema sociotecnológico, exemplificando a auto-organização nesse tipo de sistema com a descrição das ligações existentes entre componentes e itens do ambiente do YouTube. Aventa a adoção de princípios de sistemas sociotecnológicos em plataformas e-gov e ilustra a idéia com uma descrição da composição, ambiente, estrutura (ligações) e mecanismo (processos que geram a emergência de propriedades do todo) da Plataforma Lattes.

    Eis a apresentação:


terça-feira, 10 de novembro de 2009

Para criticar a Bunge

[Aos avoantes que chegaram googlando, esclareço que o "a" do título é uma preposição e não um artigo. Isto é, "Para criticar a (Mario) Bunge" e não, por exemplo, "Para criticar a (empresa) Bunge". Pronto, esclarecido.]

Sou um bungeano da nova cepa, isto é, minhas leituras de Mario Bunge começaram por Emergence and Convergence (texto quase completo no Google Books), de 2003, publicado muito tempo depois do seu Treatise on Basic Philosophy (anos 1970-80) e outras peças mais conhecidas. Logo no capítulo 3 de E&C Bunge introduz o modelo CESM (composition-environment-structure-mechanism) de sistema, coisa que logo me pareceu poderosa, simples, muito esclarecedora e útil para modelagem de sistemas (computacionais, inclusive). A primeira aparição do CESM que conheço é de um artigo de 1997, onde toda a essência do modelo está presente aos pedaços (não há o enunciado "este é o CESM"). Tratando-se do nonagenário Bunge, portanto, é coisa muito recente.

O problema é que, de tanto citar (o modelo CESM em particular e o sistemismo em geral), corro o risco de ser visto como especialista em Bunge, quando na verdade sou um diletante que encontrou algo muito útil na filosofia bungeana. Suponho que leva muito mais tempo para passar de diletante (com minha formação em engenharia, que praticamente exclui filosofias e "humanidades") a especialista em tão vetusto assunto.

Ainda assim (ou seja, mesmo me excusando), não estou livre de ser interpelado como conhecedor da filosofia de Bunge - em especial, por alunos. Uma das cutucadas mais inconvenientes é "Quais são as principais críticas contrárias a Bunge?" (pois é óbvio que las hay, e eu deveria conhecer). Bem... Além dos ataques frontais à psicanálise (que é um embuste, que fica no mesmo balaio da astrologia), Don Mario já emitiu algumas opiniões sobre rock (que não é música) e futebol (que não é um fenômeno social, mas esportivo) que, longe de suas contribuições principais à ontologia e à epistemologia, é por onde alguns críticos o desmerecem.

Pois bem: Vi no blog GrupoBunge a "denúncia" de um blog post difamatório (em outro blog) que já recebeu mais de 100 comentários, grande parte deles de excelente qualidade. Esse blog post, em si, tem algumas virtudes, mas é superado em muito por diversos comentaristas (embora também haja algum bate-boca nas cento e tantas entradas). Eu até comentei no GrupoBunge sobre o que li (e me diverti) no tal blog post, de onde destaco um comentário sintético e "na mosca", a meu ver:

Comentário #13 por Carlos González, Abril 6, 2007:
“El problema, o lo que molesta, de autores como Bunge y otros, es que tratan de demarcar límites bien establecidos entre disciplinas, artes, etc. (independientemente si lo compartimos o no), lo que va en contra del discurso predominante de lo políticamente correcto: de la integración y respeto hacia el otro en todas sus facetas. En general, salirse de lo políticamente correcto es un trabajo sucio y sólo para cojonudos (‘los hay en todos los bandos, no sólo en los liberales de derecha’).
En todo caso, me reí muchas veces con la columna y tb los comments.”

Sem mais delongas, para quem gosta de filosofia da ciência e de debates nesse mundo 2.0, eis o tal blog post:

Mario Bunge: un charlatán más en el reino de los charlatanes, em 16 de novembro de 2006, no blog "Soy donde no pienso", por Leandro Andrini (por coincidência, um físico de La Plata, como Bunge).

sábado, 7 de novembro de 2009

Natural gestures, wearable sixth sense - now that's knowledge media
[Gestos e 6o sentido para vestir - isso é que é mídia do conhecimento]

[Post com versão em PT, mais abaixo]

"Ideas worth spreading" is the motto of TED Talks. Well, instead of talking about it, I better direct you to "Pattie Maes and Pranav Mistry demo SixthSense" (8:45, see embedded video below). Just like "Rebecca Saxe: How we read each other's minds" (16:54, about MRI-ing moral judgements), it is a new technology received with both awe and apocalyptical remarks (because we advance in technology keeping the same moral challenges and dilemmas from Plato's time and before - look's like there is room for new "moral technology"). Some inspiration for us at EGC/UFSC (Graduate Program in Knowledge Engineering and Management), in which "knowledge media" is one of the research areas.

O lema de TED Talks é "Idéias que valem espalhar". Melhor do que me delongar em comentários é apontar para "Pattie Maes and Pranav Mistry demo SixthSense" (8:45, vídeo clicável abaixo - se preferir, clique em "View subtitles" e assista com legendas em português). De forma semelhante ao que vemos em "Rebecca Saxe: How we read each other's minds" (16:54, sobre analisar julgamentos morais usando ressonância magnética), é uma nova tecnologia recebida com tanto fascínio quanto horror apocalíptico (porque o fato é que avançamos na tecnologia, mas os desafios e dilemas morais são os mesmos de tempos imemoriais, sem grandes avanços na "tecnologia moral"). Uma inspiração e tanto para nós do EGC/UFSC, que tem a Mídia do Conhecimento como uma das áreas de concentração.